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O Vasco da Gama apresentou nesta semana um relatório financeiro que revela um cenário paradoxal: apesar do aumento de R$ 350 milhões na dívida total do clube desde a criação da SAF, em 2022, tanto o associativo quanto a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) registraram superávit nos primeiros quatro meses de 2025.
Os dados foram enviados à Justiça pelas empresas de consultoria Wald Administração Judicial e K2, responsáveis pelo acompanhamento da recuperação judicial do clube, iniciada em fevereiro deste ano.
Dívida cresce, mas clube opera no azul
De acordo com o relatório, a dívida acumulada do Vasco aumentou em R$ 350 milhões desde a implementação da SAF, mesmo com os aportes financeiros realizados pela 777 Partners até 2023. O crescimento do passivo é atribuído, segundo o presidente Pedrinho, à má gestão da empresa norte-americana, que controlou o futebol cruz-maltino até o fim do ano passado.
“Estamos dando os primeiros passos para superar um dos momentos mais difíceis da história do Vasco. Implementamos ajustes estruturais, novas estratégias de arrecadação e um controle rigoroso dos gastos”, afirmou Pedrinho em entrevista ao Poder360.
Superávit no associativo e na SAF
Apesar do cenário de endividamento, o clube social (associativo) fechou o primeiro quadrimestre de 2025 com um superávit acumulado de R$ 786 mil e saldo em caixa de R$ 1,4 milhão. As receitas vieram de patrocínios, royalties, bilheteria, programas sociais e repasses da SAF. As despesas somaram cerca de R$ 5,9 milhões, incluindo custos administrativos, impostos e gastos com competições.
Já a SAF vascaína, mesmo sem apresentar demonstrações financeiras auditadas, também registrou números positivos. Em abril, a empresa fechou com R$ 29,9 milhões em caixa, após arrecadar cerca de R$ 124 milhões nos primeiros quatro meses do ano. Os investimentos em reforços e estruturação técnica somaram R$ 27,7 milhões, o que impactou a liquidez de curto prazo, mas ainda assim garantiu fôlego operacional.
Recuperação judicial e transparência com a Justiça
O relatório foi entregue à Justiça como parte do processo de recuperação judicial conjunta do clube associativo e da SAF, aprovado em fevereiro. A medida foi adotada para reestruturar o passivo acumulado e garantir a continuidade das operações esportivas e administrativas. A expectativa é que, até o fim de junho, o clube entregue as demonstrações financeiras auditadas de 2024, atualmente pendentes.
Resumo financeiro – 1º quadrimestre de 2025
- Dívida acumulada desde 2022: R$ 350 milhões
- Superávit do clube associativo: R$ 786 mil
- Saldo em caixa do associativo: R$ 1,4 milhão
- Receita da SAF (jan-abr): R$ 124 milhões
- Investimentos da SAF: R$ 27,7 milhões
- Saldo em caixa da SAF (abril): R$ 29,9 milhões
Próximos passos e cautela no planejamento
A diretoria do Vasco, agora sob comando de Pedrinho, aposta em transparência, austeridade e reestruturação administrativa para reverter o cenário de endividamento. A meta é manter o clube competitivo em campo, mas com responsabilidade financeira fora dele. A renovação de contratos estratégicos, como o de Léo Jardim, e a busca por reforços pontuais indicam uma abordagem mais cautelosa no mercado.
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