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O combate ao racismo no futebol ganhou um novo capítulo com a implementação do protocolo antirracismo da FIFA, que passou a integrar oficialmente o Código Disciplinar da entidade em 2025.
A medida, que já havia sido apresentada em 2024, foi criada para oferecer respostas imediatas e padronizadas a casos de discriminação racial durante partidas oficiais, e já foi colocada em prática no Mundial de Clubes 2025, nos Estados Unidos.
O que é o protocolo antirracismo da FIFA?
O protocolo é um conjunto de três etapas progressivas que podem ser acionadas por árbitros em casos de injúria racial ou comportamento discriminatório durante jogos. Ele foi desenvolvido para proteger atletas, técnicos e torcedores, além de garantir que episódios de racismo não passem impunes ou despercebidos.
A FIFA incorporou o protocolo ao artigo 15 do Código Disciplinar, tornando sua aplicação obrigatória em todas as competições organizadas ou chanceladas pela entidade, incluindo torneios continentais e nacionais de federações filiadas.
Como funciona o protocolo antirracismo da FIFA?
O protocolo segue três fases distintas:
- Sinalização e paralisação do jogo: Ao identificar ou ser informado sobre um ato racista, o árbitro cruza os braços em formato de “X”, gesto oficial da FIFA, e interrompe a partida. O sistema de som e os telões do estádio exibem uma mensagem alertando sobre o ocorrido e advertindo que o jogo pode ser suspenso.
- Suspensão temporária da partida: Se os atos discriminatórios persistirem, o árbitro pode suspender o jogo temporariamente, retirando as equipes de campo. Um novo anúncio é feito ao público, reforçando a gravidade da situação.
- Encerramento definitivo da partida: Caso o comportamento racista continue mesmo após as advertências, o árbitro tem autoridade para encerrar a partida e declarar derrota por W.O. ao time associado aos atos discriminatórios.
Além disso, a FIFA prevê multas de até 5 milhões de francos suíços (cerca de R$ 34 milhões) para clubes ou federações envolvidas em episódios de racismo.
Primeira aplicação no Mundial de Clubes 2025
O protocolo foi acionado pela primeira vez no Mundial de Clubes durante a partida entre Real Madrid e Pachuca, no dia 22 de junho, em Charlotte. Nos acréscimos do segundo tempo, o zagueiro Antonio Rüdiger, do Real Madrid, acusou o argentino Gustavo Cabral, do Pachuca, de ter proferido uma ofensa racista.

O árbitro brasileiro Ramon Abatti Abel interrompeu o jogo e fez o gesto de “X” com os braços, sinalizando a aplicação do protocolo. Embora o jogo tenha sido retomado após alguns minutos, o episódio foi registrado na súmula e será investigado pelas comissões disciplinares da FIFA.

Repercussão e importância do gesto
A iniciativa foi amplamente elogiada por entidades de direitos humanos e por atletas, que há anos cobram ações mais firmes contra o racismo no futebol. O técnico do Real Madrid, Xabi Alonso, declarou após a partida:
O gesto de braços cruzados, agora padronizado, também serve como símbolo de resistência e denúncia, permitindo que jogadores se manifestem de forma clara e segura durante as partidas.
Próximos passos
Com a adoção oficial do protocolo, a FIFA espera padronizar a resposta a casos de racismo em todos os continentes, pressionando federações e clubes a adotarem políticas preventivas e educativas. A entidade também incentiva o uso de câmeras de alta definição e microfones de campo para facilitar a identificação de ofensas verbais.
Além disso, a FIFA estuda a criação de um canal direto de denúncias para atletas e membros de comissão técnica, que poderá ser acessado via aplicativo oficial durante os torneios.
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