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O caso VaideBet, que envolve o Corinthians e a empresa de apostas esportivas VaideBet, ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira (14). O advogado do presidente do clube, Augusto Melo, solicitou o adiamento do depoimento do dirigente, inicialmente marcado para esta quarta-feira, às 14h, no Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC). A justificativa apresentada pela defesa é a falta de acesso integral ao inquérito policial, considerado essencial para que o presidente possa prestar esclarecimentos sobre as investigações.
Contexto do caso e início das investigações
O contrato entre o Corinthians e a VaideBet foi firmado em janeiro de 2024, com previsão de duração até 2026 e valor total estimado em R$ 370 milhões. No entanto, o acordo foi encerrado prematuramente em junho de 2024, após denúncias de irregularidades. As investigações começaram em maio do mesmo ano, quando surgiram alegações de desvio de recursos por meio de empresas fantasmas, incluindo a Neoway Soluções Integradas em Serviços Ltda., registrada em nome de Edna Oliveira dos Santos, uma mulher que afirmou não ter conhecimento da empresa.
A Rede Social Media Design Ltda., intermediadora citada no contrato, também está sob investigação. A empresa teria recebido repasses mensais de R$ 700 mil, totalizando R$ 25,2 milhões ao longo de três anos. Parte desses valores foi transferida para empresas fantasmas e contas vinculadas ao crime organizado, segundo apuração da Polícia Civil.
Pedido de adiamento e justificativas da defesa
Ricardo Cury, advogado de Augusto Melo, afirmou que a defesa ainda não teve acesso à íntegra do inquérito, o que impossibilita a realização do depoimento nesta semana.
“Eu disse ao delegado que só posso levar o presidente Augusto Melo para depor a partir do instante em que tiver acesso à íntegra do inquérito. O advogado precisa acessar o inquérito de capa a capa para saber os elementos coletados e para que o presidente possa esclarecer e falar sobre a investigação”, explicou Cury.
O advogado também destacou que a decisão de liberar o acesso ao inquérito depende da juíza responsável pelo caso, e não do delegado. Segundo Cury, a juíza tem levado cerca de duas semanas para apreciar os pedidos das defesas técnicas, o que deve atrasar o depoimento de Augusto Melo para depois do feriado de Páscoa.
Próximos passos
O depoimento de Augusto Melo é considerado crucial para o avanço das investigações, que estão em reta final após quase um ano de apuração. Além do presidente, outros dirigentes do Corinthians foram convocados para prestar esclarecimentos, incluindo Marcelo Mariano, ex-diretor administrativo, e Sérgio Moura, ex-superintendente de marketing. Ambos já foram ouvidos pela Polícia Civil nesta semana.
A investigação, liderada pelo delegado Tiago Fernando Correia e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), busca esclarecer o destino dos recursos desviados e identificar os responsáveis pelo esquema. Caso sejam encontrados indícios de crime, os envolvidos podem ser indiciados e o caso será encaminhado ao Ministério Público para análise e possível denúncia.
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