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O Corinthians iniciou uma ofensiva institucional para tentar reverter a punição imposta às suas torcidas organizadas após os episódios de violência registrados na final do Campeonato Paulista de 2025, contra o Palmeiras, na Neo Química Arena.
A decisão do Ministério Público de São Paulo (MPSP), acatada pela Federação Paulista de Futebol (FPF), vetou a presença das organizadas em todos os estádios do estado até dezembro deste ano, além de proibir o uso de faixas, instrumentos musicais e uniformes que remetam às torcidas.
A diretoria do clube, por meio do superintendente jurídico Leonardo Pantaleão, se reuniu nesta semana com Mauro Silva, vice-presidente da FPF, e o advogado Nilo Patrussi, na sede da entidade. O encontro teve como pauta central a redução da pena aplicada às organizadas, com o argumento de que a ausência desses grupos nas arquibancadas compromete o desempenho esportivo do time e esvazia a atmosfera dos jogos.
Entenda a punição às torcidas organizadas do Corinthians
A sanção foi motivada por incidentes ocorridos durante a final do Paulistão, em março, quando torcedores lançaram objetos no gramado, acenderam sinalizadores e invadiram áreas restritas do estádio.
O árbitro Matheus Delgado Candançan relatou os fatos na súmula, o que levou o MPSP a solicitar medidas rigorosas. As torcidas Gaviões da Fiel, Camisa 12, Fiel Macabra, Pavilhão 9, Estopim da Fiel e Coringão Chopp foram diretamente afetadas.
Além da exclusão dos estádios, o clube pode ser enquadrado no artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que trata do lançamento de objetos em campo, com penas que variam de multa a perda de mando de campo.
Estratégia jurídica e articulação política
O Corinthians aposta no diálogo com a FPF e o Ministério Público para flexibilizar a punição. Segundo Pantaleão, o clube está disposto a firmar um termo de ajustamento de conduta (TAC) com as autoridades, no qual as organizadas se comprometeriam a adotar medidas preventivas e educativas para evitar novos episódios de violência.
Além disso, o departamento jurídico do clube está elaborando um plano de segurança para os jogos fora do estado. O objetivo é garantir a integridade dos torcedores e evitar confrontos com forças policiais ou torcidas rivais. As primeiras ações estão previstas para os confrontos contra o Ceará, no dia 16, e contra o Botafogo, no dia 27, ambos fora de São Paulo.
Impacto esportivo e institucional
Internamente, a diretoria avalia que a punição às organizadas afeta diretamente o rendimento da equipe masculina. A ausência das tradicionais manifestações nas arquibancadas tem sido sentida por jogadores e comissão técnica, que veem na torcida um fator motivacional importante. Além disso, o clube teme que a continuidade da punição gere um afastamento ainda maior entre torcida e instituição, especialmente em um momento de instabilidade política e esportiva.
A tentativa de reaproximação com as organizadas ocorre semanas após protestos na sede social do clube, o Parque São Jorge, quando torcedores exigiram maior transparência da diretoria e mudanças no estatuto do clube.
O que esperar nos próximos capítulos
A FPF sinalizou abertura para discutir a flexibilização da pena, mas deixou claro que qualquer mudança dependerá da anuência do Ministério Público. O Corinthians, por sua vez, pretende intensificar os contatos com os órgãos de segurança pública e apresentar propostas concretas para garantir a ordem nos estádios.
Enquanto isso, o clube segue monitorando os desdobramentos jurídicos e se prepara para apresentar sua defesa caso seja denunciado formalmente no Tribunal de Justiça Desportiva.
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