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A investigação sobre o Caso VaideBet, que envolve o Corinthians e um contrato de patrocínio com a casa de apostas, ganhou um novo capítulo nesta quinta-feira (15). A Polícia Civil de São Paulo revelou que mais de R$ 1 milhão da intermediação do acordo foi parar em uma empresa ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das facções criminosas mais influentes do Brasil.
O caminho do dinheiro e a ligação com o crime organizado
O relatório policial detalha que o dinheiro da intermediação do contrato entre o Corinthians e a VaideBet passou por diversas empresas antes de chegar à UJ Football Talent Intermediação, que tem ligações com o PCC. A investigação aponta que a empresa recebeu R$ 1.074.150,00, sendo um dos elos do crime organizado no futebol.
A movimentação financeira começou com Alex Cassundé, sócio da Rede Social Media Design, empresa responsável pela intermediação do contrato. Cassundé repassou R$ 580 mil e R$ 462 mil para a Neoway Soluções Integradas, que posteriormente transferiu R$ 1 milhão para a Wave Intermediações Tecnológicas. Esta última, por sua vez, enviou R$ 874.150 para a UJ Football Talent, além de mais R$ 200 mil vindos da Victory Intermediação de Negócios.
A UJ Football Talent foi citada por Antônio Vinícius Lopes Grizbach, empresário assassinado em novembro de 2024 no Aeroporto de Guarulhos. Grizbach, que havia feito um acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo, revelou detalhes sobre a atuação do PCC no futebol e mencionou a empresa como um dos braços da facção3.
Posicionamento do Corinthians
Diante das revelações, o Corinthians se manifestou oficialmente, afirmando que é vítima da situação e que apoia as investigações. Em nota, o clube declarou que não tem controle sobre o que terceiros fazem com valores recebidos em decorrência de contratos firmados e reforçou seu compromisso com a transparência e integridade.
O caso também coloca em xeque a permanência de Augusto Melo na presidência do clube. O mandatário, que já enfrenta um processo de impeachment, terá sua situação avaliada pelo Conselho Deliberativo do Corinthians no próximo dia 26 de maio.
A relação do clube com a VaideBet e as suspeitas de envolvimento indireto com o crime organizado são alguns dos principais motivos para o pedido de sua destituição.
Investigação e próximos passos
A Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro, com apoio do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), segue investigando o caso. A quebra de sigilo bancário revelou que os valores passaram por diversas empresas antes de chegar à UJ Football Talent, levantando suspeitas de lavagem de dinheiro3.
O delegado responsável pelo caso, Tiago Fernando Correia, afirmou que o Corinthians é tratado como vítima na investigação e que há indícios de que os envolvidos utilizaram estratégias tradicionais de lavagem de dinheiro para ocultar a origem dos valores.
A expectativa é que novos desdobramentos surjam nos próximos dias, com possíveis indiciamentos e aprofundamento das investigações sobre a relação entre o futebol e o crime organizado. O caso VaideBet expõe um problema maior dentro do esporte brasileiro, levantando questionamentos sobre a necessidade de maior regulamentação e fiscalização em contratos de patrocínio e intermediação financeira.
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