Compartilhe
O Corinthians enfrenta um dos momentos mais delicados de sua história financeira. O Conselho de Orientação (Cori) do clube revelou, em reunião realizada nesta segunda-feira (28), um aumento expressivo de R$ 829 milhões no passivo do clube durante o primeiro ano da gestão de Augusto Melo. A descoberta gerou uma recomendação unânime para a reprovação das contas de 2024 e abriu caminho para um possível pedido de impeachment do presidente.
O que revelou o relatório do Cori?
O relatório do Cori apontou que o passivo total do Corinthians, que inclui dívidas com fornecedores, tributos, empréstimos bancários e pendências trabalhistas, atingiu a marca de R$ 2,5 bilhões. Esse valor representa um crescimento de mais de R$ 200 milhões em relação ao balanço divulgado pela diretoria, que havia estimado o aumento em R$ 600 milhões. A diferença de R$ 229 milhões entre os números apresentados pela diretoria e os identificados pelo Cori foi um dos principais pontos de crítica.
Entre as irregularidades apontadas, destacam-se a ausência de balancetes mensais, a falta de apresentação de documentos financeiros e a não discriminação de gastos com cartões de crédito corporativos, que somaram R$ 4,8 milhões até junho de 2024.
Além disso, o Cori questionou ajustes gerenciais no valor de R$ 192 milhões e criticou a falta de transparência em contratos com prestadores de serviços, como a empresa de segurança Workserv.
Outro ponto sensível foi a ausência de documentação sobre o contrato do jogador Memphis Depay, que teria um impacto significativo nas finanças do clube. O Cori também destacou que a arrecadação da torcida para a quitação da Neo Química Arena foi lançada como receita do clube, prática que, segundo o órgão, distorce os demonstrativos financeiros.
Repercussões e possíveis consequências
A reprovação das contas de 2024 pelo Cori foi acompanhada por uma recomendação de afastamento do presidente Augusto Melo, sob acusação de gestão temerária. O estatuto do Corinthians prevê que gestores considerados responsáveis por irregularidades podem ser declarados inelegíveis por até dez anos.
A decisão final será tomada pelo Conselho Deliberativo, que deve se reunir nas próximas semanas.
Além disso, o caso pode ser encaminhado ao Ministério Público, conforme determina a legislação esportiva para situações que configuram má gestão. A crise financeira também levou à demissão do diretor financeiro Pedro Silveira, que alegou problemas de saúde para deixar o cargo.
Futuro do clube
A situação financeira do Corinthians levanta preocupações sobre a sustentabilidade do clube a longo prazo. Apesar de ter registrado uma receita superior a R$ 1 bilhão em 2024, o aumento das despesas financeiras e operacionais, somado ao crescimento do passivo, coloca em xeque a capacidade do clube de honrar seus compromissos.
Especialistas apontam que a crise financeira pode impactar diretamente o desempenho esportivo do Corinthians, limitando investimentos em contratações e infraestrutura. Além disso, a falta de transparência e as irregularidades apontadas pelo Cori podem afetar a credibilidade do clube junto a patrocinadores e investidores.
Com a reprovação das contas de 2024 praticamente certa, o Corinthians enfrenta um momento de instabilidade política e financeira. A gestão de Augusto Melo será colocada à prova, e a pressão por mudanças deve aumentar nos próximos meses. A torcida, conhecida por sua paixão e exigência, também deve desempenhar um papel importante na cobrança por transparência e responsabilidade.
A situação exige uma gestão eficiente e transparente, capaz de reconquistar a confiança dos torcedores e garantir a sustentabilidade do clube.
Publicar comentário